quarta-feira, 8 de maio de 2013

O PECADO DE DAVI



                Todos temos virtudes e defeitos, mas por que será que somente os últimos  despertam interesse em muitas pessoas? Se você discorda, por que não pensa um pouco no caso do grande rei Davi? Sua história é repleta de exemplos virtuosos, mas é a mancha no currículo, o adultério com Bate-seba, o ponto mais pisado e repisado por muitos que se referem ao Homem segundo o coração de Deus.
                Até concordo que a lente de aumento sobre o pecado de Davi não é gratuita. Afinal estamos falando do Homem segundo o Coração de Deus, a quem o próprio Deus manifestou-se várias vezes, combateu os seus inimigos e lhe honrou, e que, no momento da queda, já conta com seus 50 anos, 20 dos quais reinando sobre o trono de Israel. É um líder, uma pessoa de destaque. Sua própria posição determina que seus tropeços teriam maior repercussão do que os de um homem comum. É o velho princípio declarado por Cristo: “a quem muito é dado, muito será cobrado”.
                Mas, convenhamos, esquecer 68 anos de vida exemplar em detrimento de pouco mais de 1 ano de desvio, seria não somente uma injustiça, mas um repugnante farisaísmo. Quando olhamos para nosso interior, honestamente temos de admitir que entre nós e o Davi desviado não há um abismo tão grande. E bem pode ser que, excetuando-se o aspecto cronológico,  a única coisa que nos distancie dele seja o fato (bendito fato...!) dos nossos pecados não terem sido registrados no livro mais lido do mundo, fonte da qual milhares de escritores, roteiristas e preletores bebem quando da elaboração das suas falas.
            Não que queiramos desculpar o adultério de Davi. Deus não o faz, nós também não deveríamos. O pecado é sempre sério. Entretanto, é necessário colocá-lo na perspectiva correta. Davi cobiçou, adulterou nos pensamentos e nas ações, mentiu e assassinou um homem inocente. Mas ao ser confrontado pelo profeta Natã, Davi não procura subterfúgios. Chora amargamente, arrepende-se e confessa sua transgressão. Cai aos pés do Senhor e diz no Salmo 51: “Pequei contra ti, contra ti somente, fiz o que é mal, sinto-me imundo e envergonhado, lava-me, purifica-me da minha imundície e ficarei mais alvo que a neve”. E quando recorda o tempo em que ocultou seu pecado, Davi não banaliza os seus efeitos pois declara: “...envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim...” (Sl.32:3-4). Diante disso, não podemos fazer do pecado de Davi o centro de gravidade da sua belíssima história.
    Às vezes tremo ao pensar que no meio do povo de Deus nota-se um estranho prazer em recordar as “quedas” de um irmão... Como já foi dito, a Igreja é única corporação que atira nos seus soldados feridos. Deus não tem prazer em recordar pecados confessados e perdoados. Ele nunca dá o tiro de misericórdia, pelo contrário, restaura o caído pela Sua infinita misericórdia. Davi caiu, e caiu feio, mas sentia-se feliz porque “sua iniquidade fora coberta, e seu pecado perdoado”. O preço do seu pecado foi caro, mas o pecado de Davi foi castigo em Cristo, não restando-lhe nenhuma condenação. Se Deus justifica, quem condenará? Se o sangue de Jesus cobre todo pecado, por que deveríamos descobri-lo?
            Talvez você não concorde com essa perspectiva. Pode ser que na sua cabeça não deve haver espaço sequer para um pensamento misericordioso para com um homem que caiu em tamanha falta. Se for este seu caso, talvez esteja achando que perdeu seu precioso tempo em ler um este artigo licencioso. Pelo tempo gasto na leitura nada pode ser feito, mas se você não se demorar muito, talvez ainda dê tempo para atirar a primeira pedra!!

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

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